Carnaval – Quem não usa máscaras?

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“Não se pode dizer ao certo a origem das máscaras, mas sabe-se que elas têm uma longa história. Foram usadas como símbolo de comunicação ou de disfarce; serviram para proteger o rosto de guerreiros em combate e como enfeites religiosos.

Já representaram o bem e o mal, divindades, espíritos e deuses. Até mesmo já foram artigos de luxo nos salões europeus e consideradas como jóias preciosas. Já foram de ouro, aço, pano, papel e até de couro de animais.

Permitiam aos atores de teatro a apresentação de vários personagens em um único espetáculo. Aliás, a própria palavra “pessoa” vem de “persona” que era o nome da máscara que os atores do teatro romano usavam. Sua função era tanto dar ao ator a aparência que o papel exigia, quando ampliar sua voz permitindo que fosse bem ouvida pelos espectadores. Por extensão, designa um papel social, ou a máscara ou aparência que uma pessoa apresenta ao mundo.

E, é no carnaval que ela encontra seu auge, pois durante os dias de folia as pessoas se permitem, ao usá-las, vivenciar algumas fantasias e representar papéis diferentes dos seus no dia-a-dia.

Mas, será que é só no carnaval que se usa máscaras?
Quem não usa máscara no dia-a-dia?

Quem nunca se pegou agindo de modo disfarçado? Lembra-se daquela vez que você disse que foi “um prazer” conhecer ou encontrar determinada pessoa e na verdade foi tudo um grande desprazer? E, durante uma entrevista de emprego onde você extremamente nervoso, tenta aparentar calma e controle da situação?

Pois é, todos nós usamos máscaras de vez em quando e podemos dizer que, até certo ponto, usá-las torna nossa convivência mais tranqüila, nos proporciona ganhos, evita situações desagradáveis e em muitas ocasiões, tornam-se até necessárias à nossa sobrevivência social.

Entretanto, precisamos ficar atentos, pois, muitas vezes exageramos na dose. Insistimos em usá-las indiscriminadamente em nome da manutenção da paz, harmonia e felicidade, só que dos OUTROS.
Vivemos num mundo que insiste em nos padronizar, nos modelar e quando nos damos conta, estamos infelizes, pois passamos a priorizar o que os outros esperam de nós e nos esquecemos de nós mesmos.

Levantamos de manhã, colocamos nosso falso figurino, incorporamos nossas máscaras e seus respectivos papéis e assim vamos para o nosso cotidiano tentando nos adequar a um modelo pré-estabelecido e fazer parte da maioria.

E, assim vamos vida afora, colocando nossas máscaras: A da felicidade e sorrisos quando na verdade queremos chorar, não nos dando a oportunidade de tomar consciência dos próprios sentimentos.

A de empresários (as) de sucesso, mesmo que por dentro estejamos nos sentindo vazios.

A da saúde perfeita, mesmo estando doentes físicas ou emocionalmente, impedindo-nos de buscar ajuda com algum profissional.

Ou a de doentes agindo como mendigos afetivos pedindo carinho e atenção.

A de mulheres maravilhas tentando bravamente sermos excelentes em tudo o que fazemos, não nos permitindo errar em hipótese alguma.

A de vítimas permitindo abusos, ouvindo insultos e permanecendo mudos, estáticos e infelizes.

Você percebe o quanto são infinitas as nossas máscaras? A cada uma que usamos assumimos comportamentos inerentes a ela, mas nem sempre representam o nosso verdadeiro desejo.

Nos armamos como se fossemos gladiadores modernos num grande batalha. Buscamos desesperadamente o melhor posto dentro de uma empresa, fazer o que a maioria faz, temendo sempre que logo ali na esquina da vida, apareça alguém melhor capacitado e que ganhe de nós uma disputa que talvez nem nos traria felicidade.

É obvio que buscar, progredir, almejar, lutar pelo melhor é muito saudável e faz parte da natureza humana, mas a que preço? Em que grau?

Acredito que os extremos são sempre perigosos, buscar faz parte da vida sim, mas viver apenas em função desta busca é um convite à depressão, à ansiedade, à frustração e àquele sentimento de inadequação constante que permeia nossas vidas quando não estamos agindo em conformidade com nossos mais puros sentimentos.

Quando nos acomodamos às nossas máscaras, deixamos de nos conhecer, atuamos como personagens em tempo integral, apenas hóspedes do nosso próprio corpo. E, corremos o risco de vivermos uma vida inteira sem jamais descobrirmos nossos valores e competências.

Parece que nesta busca insana em enquadrar-se nem nos questionamos mais se estamos sendo autênticos e agindo de acordo com nossos desejos. Aliás, quando nos perguntam quais são nossos verdadeiros desejos, precisamos parar para pensar e até lançar mão de algum esforço mental no sentido de localizá-los em nossos porões do esquecimento.

Dentro da minha vivência profissional encontro pessoas que me dizem que não sabem exatamente porque se sentem infelizes ou depressivas, alegam ter o que necessitam e que mesmo assim ainda se sentem tristes. Relatam ainda que em muitos momentos almejam ferozmente determinadas aquisições, sejam materiais ou não, e que quando as conseguem entram em profunda frustração. Tal qual aqueles cães que latem desesperadamente para as rodas dos carros, mas que, quando os carros param não sabe o que fazer!

Entretanto, se a sociedade insiste em nos enquadrar, a vida insiste em ser autêntica e descortinar.

Com o tempo nossas máscaras começam a desgastar-se, a desajustar-se do nosso eu e inutilmente tentamos repará-la disfarçando as rachaduras.

Proponho então que, ao invés de investirmos energia tentando “consertá-las”, que utilizemos esta mesma energia num processo de autoconhecimento buscando cada vez mais a autenticidade do nosso ser.

Dentre tantos desafios que temos na vida, talvez seja este o maior de todos, o de tirarmos nossas máscaras e sermos nós mesmos.”

 

(Texto de Sílvia Rodrigues)

Ivana Rocha

Olá! Sou Ivana Rocha, psicóloga responsável por esse site. Moro em Belo Horizonte e trabalho para o mundo, já que a internet encurta distâncias e facilita o atendimento de pessoas que, antes do advento da web, não tinham acesso a atendimento psicológico. Nesse espaço você vai encontrar textos escritos por mim e vídeos que posto no Youtube, visando estimular reflexões a respeito do cotidiano de todos nós. Também vai saber um pouco mais a respeito do meu trabalho, que desenvolvo através da orientação psicológica e de cursos via internet e de palestras e oficinas presenciais. Minha missão é essa: divulgar minha mensagem a um número cada vez maior de pessoas, para que elas possam ser replicadoras dentro do seu próprio universo e, com isso, criarmos uma corrente do bem. Navegue à vontade. A casa é sua!

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