Como eu aprendi a nadar…e a falar italiano
Sempre tive vontade de aprender a nadar mas o medo me impedia. Sonhava que morria afogada, que não achava o fundo da piscina e pensava que jamais conseguiria dar um impulso na parede e deslizar suavemente.
O Luiz, meu professor de hidroginástica, pegou no meu pé.
– E aí? Vamos começar as aulas de natação quando?
– Hein? Ah…quando eu entrar de férias.
– E quando é isso?
– Dezembro.
No dia 03, ele me cobrou:
– Já tá de férias? Já é dezembro.
– Ah…dia 5 eu começo.
Com meus óculos novos, fui para a primeira aula aprender a fazer…borbulhas. Difícil demais enfiar o nariz dentro d’água. Mas consegui terminar os exercícios.
Na aula seguinte, exercício com a prancha. O Luiz explicava tudo e dizia:
-Vai!
Eu travava e respondia:
– Não vou!!!
E “São” Luiz, na maior paciência, morria de rir e explicava de novo.
Na 5ª aula, quis desistir. Fui estimulada pela minha filha caçula, à época com 7 anos.
– Você vai conseguir, sim, mamãe; olha, eu te ensino. Você faz assim, ó…e assim…
Não sei bem como – nem por que – fui em frente. Acho que queria provar para mim mesma que era capaz. Ainda que fosse muito…muito difícil entender como pulmões, pernas, pés e braços podiam funcionar em sincronia. Se batia as pernas, engolia água…se movia os braços, esquecia as pernas. Uma doideira!
Só sei que no dia 5 de janeiro…estava nadando! No começo, atravessava a piscina de 25 metros e chegava bufando ao outro lado. Tinha que parar para me recuperar. Aos poucos, fui conseguindo. E hoje, 3 anos depois, nado 1.800 metros, 3 vezes por semana. Nada mal para quem morria de medo de uma simples pranchinha.
Foi assim também com o italiano. Na primeira aula, a professora, à porta da minha casa, disparou: “Ciao, come stai?”. Engatei um sorriso amarelo, balancei a cabeça e fiquei olhando pra ela, sem saber o que responder. A cada novo tempo verbal, eu podia sentir a fumacinha saindo dos meus neurônios. Mamma mia, che paura! Também não sei como, mas, de repente, tudo começou a fazer sentido e eu comecei a escrever, a ler, a entender e a falar. Após 4 anos de estudo, tive que interromper as aulas por falta de tempo. Mas ainda pretendo retomá-las.
Só sei que me dediquei às novas atividades. Muito! Estava sempre na internet, pesquisando vídeos sobre nado de peito, de costas, crawl…Borboleta não, porque acho muiiiiito cansativo. E encontrei uns internautas italianos, que muito me ajudaram no aprendizado do idioma.
E, olha, se eu aprendi a nadar e a falar italiano, acho que qualquer um consegue. Essas e outras coisas, desde que o motor seja a paixão, a dedicação, o envolvimento e o desejo real.
Agora, só não me peçam para aprender alemão. Isso, para mim, já é demais.
E você? O que deseja fazer mas pensa que não consegue?
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